Foi durante a Shot Fair Brasil 2025 que eu os vi pela primeira vez.
Conversavam de igual para igual, riam juntos, trocavam ideias sobre armas e provas com aquele brilho nos olhos típico de quem compartilha uma mesma paixão. Achei que fossem amigos, parceiros de clube, talvez colegas de pista. Até que alguém me corrigiu — “são pai e filho!”
Eu, sinceramente, duvidei. Era impossível. A cumplicidade, o jeito leve e até as piadas entre eles me convenceram de que eram dois parceiros de estande, não dois membros da mesma família separados por gerações. Mas era verdade: Wesley é filho. Alcione é o pai.
E ali eu entendi o que o tiro desportivo é capaz de construir: laços que confundem até o tempo, que apagam diferenças geracionais e transformam um hobbie compartilhado em herança afetiva.
Nesta homenagem ao Dia dos Pais, a LINADE bateu um papo com Wesley Silva, que compete nas modalidades pistola maior, pistola menor, pistola leve, revólver e carabina, no Clube Altos da Serra em Lages (SC, que divide provas, treinos e pódios com o pai, Alcione Silva. Uma história de cumplicidade forjada no esporte — e no coração.
Você se lembra da sua primeira experiência com o tiro desportivo? Como tudo começou?
Meu primeiro contato com armas foi no Exército Brasileiro. Mais tarde, comecei a treinar com meu pai, Alcione Silva, fazendo exercícios para melhorar nossa precisão — sem nenhuma pretensão de competir. Em 2021, pesquisando sobre o esporte, descobri o antigo Regional CBC/Taurus e levei a ideia para ele. Ficamos empolgados e decidimos participar. Esse foi o início de tudo.
Qual é a lembrança mais especial ao lado do seu pai dentro do estande?
Tenho duas que são inesquecíveis. A primeira envolve nossos domingos no clube: chegávamos às 7h, montávamos as pistas, fazíamos testes, treinávamos, almoçávamos com “catanho” (aquele lanche militar raiz) e só íamos embora quando escurecia.
A segunda foi na Copa do Brasil. Disputamos a modalidade Carabina. Eu conquistei o título de Campeão e meu pai foi Vice. Foi o primeiro título nacional dele — e estarmos juntos no pódio foi algo que levarei para a vida toda.
Você se inspira no seu pai como atirador? Como ele te incentivou?
Ele é meu maior exemplo no esporte. Nossa história começou quando ele ganhou uma pistola numa rifa em 2020. Decidiu ficar com o equipamento e começamos a treinar. Sem saber, ele estava criando um “monstrinho do tiro”, como costumo brincar.
No começo, ele era muito superior a mim na Carabina. Cheguei a pensar em desistir, mas ele me incentivou a continuar. Foi por causa dele que não parei — e chegar ao pódio ao lado dele foi uma vitória dupla.
Vocês treinam juntos? Já competiram frente a frente?
Sim, desde o início. Já participamos juntos de cursos, viagens, competições… Em Joaçaba-SC, inclusive, competimos em baias vizinhas na disputa por título. Existe uma parceria natural, mas também uma motivação silenciosa: queremos sempre dar o nosso melhor. E o mais bonito é que, no fim, a comemoração é conjunta, independentemente do resultado.
O que o tiro desportivo trouxe para sua vida?
Disciplina, autocontrole, constância. Valores que carrego comigo e que me ajudam fora do estande também. Além disso, ganhei uma nova rede de amigos — que hoje chamo de família — e a oportunidade de representar marcas e levar o nome do nosso estado para competições nacionais.
Além das conquistas nas pistas e da parceria com o pai, também venho consolidando um trabalho sério de representação e valorização do tiro desportivo dentro e fora da LINADE. Tenho contado com o suporte essencial de marcas que acreditam no potencial do esporte e ajudam a fomentar o cenário competitivo no Brasil. São parceiros como MBT Grips, Bélica Militar, Visão Custom, Eagle Bullets, Carnívoro Parrilla, Guerra Urbana, Clube Altos da Serra, TS Auto Lavação e Desmodus, que caminham ao meu lado e fortalecem minha presença em eventos, treinos e competições. O projeto ainda conta com o apoio da LH Brushes e da Acero Botas, reafirmando o compromisso coletivo com a valorização de talentos e o crescimento do tiro esportivo nacional.
Como é competir pela LINADE?
É competir em alto nível, com atletas de todo o Brasil. Também é um espaço de troca, de crescimento. Em 2023 e 2024 tive conquistas nacionais importantes. Mais recentemente, na Shot Fair 2025, meu pai me incentivou a entrar numa modalidade que eu nem pensava em disputar — e acabamos subindo juntos ao pódio. Foi emocionante.
Por que o tiro é especial para ser passado de pai para filho?
Porque o tiro desportivo vai além da competição. Ele ensina valores como disciplina, foco, respeito. Ensinar isso a um filho é formar caráter e criar um laço para a vida toda. Quando eu for pai, com certeza vou introduzir meu filho no esporte desde cedo.
E para quem quer começar no esporte, mas tem receio?
Comece com o que tiver. Não espere o momento ideal. No meu perfil do Instagram (@wesleysilva.357), sempre incentivo isso. Com dedicação e fé, as oportunidades aparecem. O tiro é um esporte que transforma mente e corpo. Dê o primeiro passo.
Se pudesse deixar uma mensagem ao seu pai neste Dia dos Pais, o que você diria?
Pai, obrigado por cada conselho, por cada treino, por estar ao nosso lado em todos os momentos. O senhor foi meu primeiro treinador, meu guia, meu maior exemplo. Talvez não saiba, mas continuei na Carabina só para tentar alcançar seu desempenho. Estar ao seu lado no pódio não é só uma conquista esportiva. É privilégio, é emoção. É algo que vou guardar para sempre.
Neste Dia dos Pais, e seguindo as entrevistas que venho compartilhando com vocês aqui pelo site da LINADE, esta história tem um sabor especial.
Porque no fim das contas, não é sobre quem acerta mais o centro do alvo.
É sobre quem está ao seu lado enquanto você mira. Sobre os conselhos dados entre um disparo e outro. Sobre aquele “vai lá” sussurrado antes da prova, e o abraço apertado depois do resultado — vença ou não.
Wesley e Alcione mostram que o tiro desportivo é, também, um gesto de amor. Um legado passado com orgulho e vivido com intensidade. E que, com respeito, disciplina e conexão verdadeira, pai e filho podem muito mais do que competir juntos — podem se tornar parceiros de vida.
Feliz Dia dos Pais a todos que, como Alcione Silva, não apenas ensinam a mirar… mas ensinam a caminhar.
Por Vanessa Giannellini – Assessora de Imprensa da LINADE