Em continuidade ao especial LINADE “Dia das Mulheres”, celebrando o mês da mulher, seguimos destacando histórias de força, coragem e superação. Porque a trajetória das mulheres que conquistam seus espaços merece ser celebrada o ano todo!
Maria Beatriz Schmidt Monaco, 57 anos, engenheira agrônoma e empresária de Rio Claro, São Paulo, é uma das pioneiras no tiro ao prato feminino no Brasil. Desde a juventude, apaixonou-se pelo esporte e conquistou inúmeros títulos, incluindo campeonatos paulistas e um campeonato brasileiro. Seu pai, Francisco Octávio Mônaco, foi o fundador do Departamento de Tiro em Rio Claro e teve reconhecimentos pelos serviços prestados ao tiro esportivo no Brasil. Sempre a apoiou em sua trajetória, especialmente em uma época de forte preconceito contra mulheres no esporte.
Na entrevista exclusiva para a LINADE, Maria Beatriz compartilha suas experiências, desafios e aprendizados no tiro esportivo, além de oferecer conselhos valiosos para quem deseja iniciar no esporte. Confira:
O que te motivou a entrar no tiro esportivo?
Maria Beatriz: Eu me apaixonei pelo tiro ao prato desde o início. Comecei a atirar com revólveres calibres .38 e .22, mas foi o tiro ao prato calibre 12 que me conquistou. Essa paixão me levou a participar de campeonatos regionais e, com o tempo, conquistei títulos paulistas e até um campeonato brasileiro. Meu pai foi meu maior incentivador, fundando o Clube de Tiro em Rio Claro e sempre me apoiando, especialmente numa época em que o preconceito contra mulheres atiradoras era muito forte.
Você enfrentou preconceito no esporte?
Maria Beatriz: Sim, muito. Nos anos 80 e 90, o preconceito era intenso, principalmente no interior. As pessoas tinham uma visão distorcida sobre mulheres que atiravam. Cheguei a ouvir que uma mulher que atirasse bem poderia ser perigosa. Além disso, tinha o lado pessoal: dizem que a gente nem arrumava namorado (risos). Mas tive sorte de ter meu pai ao meu lado o tempo todo. Hoje as coisas estão melhores, a sociedade evoluiu e as mulheres conquistaram mais espaço em várias áreas, inclusive no esporte.
Como foi sua trajetória competitiva?
Maria Beatriz: Comecei participando de etapas regionais em Rio Claro e, aos poucos, fui me destacando. Em 1992, venci uma prova de calibre 12 em um campeonato regional, me destacando das outras competidoras. Isso só foi possível graças à orientação do João Marcondes, um dos maiores atiradores do Brasil, que me aconselhou momentos antes de eu entrar na pedana. Participo de campeonatos por todo o estado de São Paulo e pelo Brasil. Me orgulho muito de ter sido uma das pioneiras no tiro ao prato calibre 12 na LINADE e na Liga Nacional de Tiro ao Prato.
Qual é a importância da preparação física e mental no tiro?
Maria Beatriz: A preparação física é fundamental. Acordo cedo, faço alongamentos e me preparo fisicamente. Mas o ponto-chave é a concentração. No tiro esportivo, não basta atirar bem; é preciso ter um foco constante. Quanto mais concentrado e frio você estiver, melhores serão seus resultados. E se, por algum motivo, você sentir que a concentração não está funcionando, minha dica é: aumente a velocidade do tiro. Atire mais rápido e não deixe sua mente te sabotar.
Que conselhos você daria para mulheres que querem começar no tiro esportivo?
Maria Beatriz: Nunca tenham medo de dar o primeiro passo. Experimentem diferentes modalidades de tiro, desde o ar comprimido até as armas curtas, como pistolas e revólveres, e depois partam para as carabinas e, quem sabe, o tiro ao prato, que é minha grande paixão. Não desanimem com as críticas ou com fases difíceis. Persistência e treino constante são fundamentais. E não fiquem ouvindo muitos conselhos – cada atirador tem seu estilo e técnica própria. Encontrem o que funciona para vocês e sigam em frente.
Você tem alguma arma favorita?
Maria Beatriz: Comecei com o calibre .22, mas foi o calibre 12 que ganhou meu coração. O tiro ao prato exige reflexo, técnica e instinto. É um desafio constante, e essa adrenalina me fascina.
O que o tiro esportivo representa na sua vida?
Maria Beatriz: Representa superação, conquista e amor ao esporte. Mais do que os títulos, o que mais me marcou foi abrir caminhos para outras mulheres. Olho para trás com orgulho de ter ajudado a fortalecer o tiro ao prato feminino no Brasil.
Pioneira, campeã e referência no tiro ao prato no Brasil, Maria Beatriz Schmidt Monaco continua a inspirar novas gerações de atiradoras. Com coragem, persistência e amor ao esporte, ela provou que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive no topo do pódio.
Gostou da entrevista? Quer saber mais sobre o mundo do tiro esportivo? Continue acompanhando nosso blog para mais histórias inspiradoras e informações sobre o universo do tiro esportivo.
Por: Vanessa Giannellini – Comunicação LINADE